A arte passou existir como uma necessidade, pois nos entretém do tédio que é insistir em sobreviver:
nascer, crescer, reproduzir e morrer; trabalhar para se alimentar, pagar pela própria morte e dá alguma dignidade a ela. Assim surgiu a obra de arte, à guisa presunçosa de nos "eternizar" nesta finitude que a vida é.
Escrevo na vaidade: ocupe-se em sobreviver, e inutilmente continuo a escrever... na tentativa de que nestes rascunhos eu descubra como...
Perco meus sonhos por entre a repetição mecânica da rotina, ela me mastiga: entre o tic e o tac afiado do relógio no meu pulso, no labirinto de gente no ônibus lotado, nos olhos raivosos do seu desconforto e do estresse, no nojo que tenho dos que subjugam os mais "fracos", por entre as pressas das canelas que nos esmagam, ao tentarmos ser o que 'eles' impuseram.
Às vezes, os reencontro, meus sonhos... maltrapilhos, cambaleantes, franzinos de fome, nas rupturas que a poesia rasga, rompendo com esta bolha rotineira que sufoca a beleza dos olhos e findo relembrando minhas arquiteturas ingênuas de menino: fazer arte: ruminar toda essa merda, recria-la.
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