Sou o que vive e o que apenas observa também, guerreando entre em si e em mim. Sinto meu pensamento se descolando do meu crânio e me arrastando por aí... não suporto mais as "realidades" que o seu medo inventa.
Esta realidade plástica, ondulatória e porosa, me sufoca!
Andei maldizendo tuas fugas, sendo que o que mais faço é fugir, quando emborco os meus olhos apenas para dentro... Tenho medo de me perder em você, de você me arrancar um pedaço. Tenho medo, porquê duvido até de mim. Quero ter fé, uma fé amolada... tu me inspira amar e amor...
Relembro dos teus olhos gigantes, de cílios de borboleta: quando doloridos e prestes a chorar, tuas pálpebras e olheiras tornam-se róseas e teu riso trêmulo; me dói quando teu silêncio murmura em lágrimas.
São nos teus olhos que bebo minha coragem: arranco dos meus ouvidos a língua da paranóia, que nos chicoteia o sonho, cego-lhe os olhos e abro os meus... carcomidos de pavor, ofegantes, mas ainda vivos para nós vê existir...
Ana Mendes
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