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Ana Paula Mendes de Oliveira: Ana. Existe outra além dessa carapaça que vos fala e isso que enxergas! obs: sem compromisso com a gramática

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quarta-feira, 27 de abril de 2016

A cidade inchada...

I

A cidade inchada
com suas bocas-motores  alarmadas

escapa no cano de escape o muito do que lhe apodrece: excesso 

suas luzes, gases e barulhos,
cegam meus olhos, lateja minha cabeça e esmaga meu peito:

asmática e em espasmos, escrevo,
para sobreviver mais um dia-enterro...


II

Na sarjeta onde os olhos não te enxergam, vejo
rostos apáticos,
estressados em espera...

Os pés impacientes, se debatem sobre o concreto da calçada:
a lata está atrasada e a passagem continua cara...

O conforto de uns, atropela de ruma
os sem rumo,  murmuram, outros protestam  nas ruas e nos muros
os acomodados reclamam, mas não fazem porra nenhuma

No poema eu me atraso
enquanto as pressas se vão
em
pilhadas
no ônibus lotado

Sossego?!
é caminhar com as próprias pernas sabendo que não tem chegada...
que o destino-abismo 
sou eu e sou eu quem faço
e que a ideia fudida de "vencer na vida" é uma cilada que nas mãos te abrem feridas...

Abismada 
sorrio e continuo 
arrastando os pés pelo caminho
o meu caminho
rompendo com eles 
as fronteiras invisíveis

Se for para definir
que seja para aumentar 
o limite


Ana Mendes 

Um comentário:

  1. Leia "Fahrenheit 451", do Ray Bradbury, quando puder/quiser. Sobre essas sensibilidades frente às imposições autoritárias do social.

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